Aquecimento global causará escassez de alimentos em todo o planeta ainda neste século, diz estudo:
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Os pesquisadores consideraram as taxas de temperatura previstas para o período de 2050 a 2090 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 2007. Então, eles analisaram as consequências desse aquecimento sobre a agricultura e a pecuária em todo o mundo. Os resultados foram publicados em artigo da revista Science.
As expectativas são preocupantes. Nos trópicos, por exemplo, as safras de milho e arroz podem ter rendimentos de 20% a 40% menores. Os prejuízos às plantações seriam causados não só por influência direta das altas temperaturas, mas também por interferência do aquecimento na umidade do solo.
De acordo com as previsões, a crise atingirá todo o planeta, mas a situação será ainda pior nos trópicos e subtrópicos, região que abriga hoje três bilhões de pessoas e abrange locais em situação de pobreza, como África e América Latina. Embora esteja previsto que o maior aumento de temperatura ocorra nas regiões temperadas, o clima dos trópicos é mais quente, o que fará com que as temperaturas desses locais atinjam os níveis mais elevados.
O estudo aponta uma probabilidade maior que 90% de que, no fim deste século, as mais baixas temperaturas do período de cultivo nos trópicos e subtrópicos sejam mais altas que as mais extremas já registradas de 1900 a 2006. Com isso, as plantações ficariam substancialmente prejudicadas.
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Agricultura repensada
Para combater a crise alimentar, os pesquisadores destacam a necessidade de se desenvolverem novas variedades de produtos agrícolas que sejam resistentes ao calor e à escassez de água. “Nós temos que repensar o sistema agricultor como um todo”, afirma uma das autoras do artigo, Rosamond Naylor, da Universidade Stanford (Estados Unidos), em comunicado à imprensa.
Segundo a equipe, a principal diferença entre as crises de alimentos que já ocorreram na história por causa de aumento de temperatura e a escassez prevista para o século 21 é que antes se buscava alimentos em outra região, o que não será mais possível devido à crise mundial. “No futuro não haverá lugar para recorrer a menos que repensemos nosso abastecimento de alimentos”, alerta Naylor.
Os cientistas pedem que a questão seja priorizada do ponto de vista político e ressaltam que a ajuda de áreas como a genética e a engenharia será fundamental para encontrar um novo modelo global capaz de resistir a essas previsões catastróficas. O primeiro autor do artigo, David Battisti, da Universidade de Washington (Estados Unidos), completa: “Podemos deixar isso acontecer e nos adaptarmos dolorosamente ou podemos nos planejar para o que virá.”
Fonte: Tatiane Leal
Ciência Hoje On-line 12/01/2009
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