sábado, 19 de março de 2016

No aniversário de São José, conheça a história da cidades contatda por seus Josés

Moradores que carregam o nome do padroeiro da cidade contam sua história no município que completa 266 anos neste sábado


No aniversário de São José, conheça a história da cidades contatda por seus Josés Arte/Agência RBS
Inicialmente chamada de São José da Terra Firme, a cidade, que teve colonização açoriana, é uma das que mais cresce no estadoFoto: Arte / Agência RBS
Uns dizem que a cidade recebeu este nome porque os colonizadores chegaram a ela no dia do santo. Outros, que seria uma homenagem ao rei de Portugal, Dom José. Mistérios à parte, um dos nomes mais tracionais entre os brasileiros batizou o município que completa nesta sábado, dia 19, 266 anos de fundação.
Inicialmente chamada de São José da Terra Firme, a cidade, que teve colonização açoriana, é uma das que mais cresce no estado. Mas todo esse desenvolvimento tem um preço e as mudanças pelas quais a cidade passou nos últimos anos marcou a vida de algumas pessoas. Entre elas, Josés, que cresceram e também passaram por transformações junto com o município. São eles que, neste aniversário, contam a história da cidade, que se misturam com as suas.
José Ricardo, parte da história
José Ricardo Koerich lembra com saudade a sua infância tranquila em São José, há 67 anos. Ele nasceu e cresceu no mesmo bairro, na mesma casa, na rua Getúlio Vargas, no Centro Histórico do município, onde morava também toda sua família.
– Na frente da minha casa era a casa do meu avô. Quando era criança, nós ficávamos na calçada, brincando de apostar em qual lado passaria o carro primeiro, se na direita ou na esquerda. A gente, às vezes, ficava bravo, porque demorava mais de 20 minutos pra poder passar um carro – conta ele, olhando hoje para a movimentada rua onde transitam ônibus, carros, motos, bicicletas, e que é difícil até de atravessar.
Além das apostas, outra brincadeira que o menino José fazia com os amigos da vizinhança era de corrida de carretão, ou carrinho de rolimã, pela mesma rua.
Ainda na sua infância, o bairro Praia Comprida era composto apenas por casas e o armazém da família Filomeno, que era responsável por abastecer Florianópolis com as mercadorias que vinham de São Pedro de Alcântara e Angelina. Parte das famílias de lá tinha na pesca do berbigão uma fonte de renda. E as crianças, como José, brincavam nos Vieiros, que basicamente eram "buracos" formado dentro do mar calmo.
– Naquele tempo o berbigão era catado com a mão, sem prejudicar a criação deles nem o meio ambiente. Ali onde é a Praia Comprida tinha criadouros de siri e a gente ia lá pescar quando eu era criança. Dava até pra escolher.
A juventude de José lembra muito aquelas histórias de livros antigos, com uma praça que servia de cenário para tudo o que acontecia. No caso dele, era a praça do igreja matriz de São José. Era ali que políticos, famílias e os jovens se reuniam. Onde hoje funciona a Fundação de Cultura havia um bar que era frequentado pela elite da sociedade josefense. Quem não pertencia a esta "nata" social, frequentava o bar e armazém do seu Braulio, que fica até hoje em uma das esquinas da praça.
Aliás, os armazéns existiam em quase toda a cidade, porque era onde se vendia de tudo.
– Um fato curioso é que o pessoal do armazém da Praia Comprida, da família Filomeno, era chamado de "colono" pelos do armazém da praça – recorda.
Além dos bares, outro fator que mostrava bem essa divisão de classes eram os clubes. A elite ia sempre ao Clube 1º de Junho, enquanto quem não tinha tanto dinheiro assim ia para o Clube Campinas ou para os bailes de São Pedro de Alcântara.
– E muitas pessoas iam a pé, porque naquele tempo não tinha ônibus até mais tarde, e carros de praça custavam caro.
Era voltando das festas que José Ricardo e os amigos passavam pelos bairros Campinas e Kobrasol, que nem de longe parecia que iam se transformar no que hoje são.
Em Campinas tinha pouco mais que quatro casas e dois abatedouros, um de gado e outro de porco.
– Voltávamos em silêncio dos bailes com medo dos cachorros do abatedouro de lá. Eram cachorros grandes, criados a base de carne – diverte-se lembrando das aventuras de 1965.
Onde hoje fica a central do Kobrasol, antigamente era a pista de pouso do aeroclube. Depois foi que as famílias Brasil, Cassol e Koerich lotearam a região e criaram o bairro.
Atrações para toda a família eram as três festas principais da cidade, a Procissão do Senhor dos Passos, Festa do Divino e Procissão do Senhor do Bonfim. Elas serviam também para se "arrumar casamento".
– As moças e rapazes chegavam antes da procissão e ficavam até bem depois pela praça se "cortejando". Ou então iam lá pro campo do Ipiranga – lembrou.
O campo ficava onde hoje funciona a Câmara de Vereadores de São José. Pai de três filhos, José Ricardo hoje pega o neto pela mão e mostra nos fundos da Câmara, onde antigamente existia um trapiche e a água era própria para o banho. Ali, os filhos conseguiam ver os siris passando, na beira da água.
É com esse espírito saudosista que ele olha para a São José de hoje. Contar a história é voltar ao passado.

José Ricardo carrega a história da cidade junto com a sua. Foto Felipe Carneiro

 "São José nasceu em mim"
José Geraldo Germano é oleiro de profissão e de coração. Ele não nasceu em São José, mas adotou a cidade como sua há mais de 40 anos.
– Eu costumo dizer que não nasci em São José, São José foi que nasceu em mim – afirma ele, com o brilho nos olhos de quem sabe o que faz e onde está.
José Geraldo é filho de sapateiro, e acredita que foi do pai que herdou a habilidade com trabalhos manuais. Ele saiu da pequena cidade de Lauro Müller para morar em Florianópolis, mas ao conhecer a cultura josefense, se apaixonou e mudou-se, com toda a família, para o pequeno município.
– Quando eu vinha para São José visitar uma tia, quando ainda era criança, era sofrido, porque a estrada era ruim e tudo se tornava muito longe. Mas quando chegava perto daqui, a poesia que era essa cidade fazia tudo valer a pena – recorda.
O que mais o encanta na cidade? Ele é rápido em dizer: A simplicidade do povo acolhedor que ensinou a ele sua cultura açoriana. E é esta cultura que José Germano buscar representar com sua arte de oleiro.
– Eu gosto muito de fazer utensílios. A moringa, que era usada pra conservar a água quando não se tinha geladeira, e o alguidar, que era muito usado no preparo de comidas, são dois exemplos disso – exemplificou.
Pelas mãos do José oleiro, o boi de mamão, a arquitetura antiga da cidade e até o próprio São José já ganharam forma e cores.
E de toda a beleza que a cidade tem a oferecer hoje, a bica da carioca, que fica noCentro Histórico do município e era o local onde as mulheres iam lavar roupa, é o cantinho preferido de José.

Seu José "oleiro" é um apaixonado pela cultura da cidade. Foto Betina Humeres

Josefense, sim!
Se perguntar onde nasceu o empresário José Vilmar da Silva, 51, ele responde prontamente que foi em São Pedro de Alcântara. Porém, parando para pensar, ele mesmo tem suas dúvidas quanto ao local do seu nascimento. É que em 1965 São Pedro ainda era distrito de São José, de onde só veio a se desmembrar em 1995. Então, na prática, José Vilmar é josefense, sim!
Quando chegou na cidade, há 26 anos, era tudo muito diferente de hoje.
– Kobrasol era formado em sua maioria por casas, não tinha aquela quantidade de prédios que tem hoje. Os bairros que não eram centrais tinham ruas de chão batido, hoje é tudo calçado.
Na rua onde mora hoje, na Sebastião Nogueira de Carvalho, no bairro Bela Vista, José Vilmar foi o primeiro morador. Quando chegou, nem a conhecida Avenida das Torres havia sido construída ainda.
Orgulhoso, ele conta que ali perto de sua casa está a nascente do Rio Araújo, que divide as cidades de São José e Florianópolis, onde alguns moradores ainda se aventuram a ir buscar água.
Se tem uma coisa de que José Vilmar sente saudade é da forma como as pessoas se tratavam. Ele afirma que antigamente as pessoas eram mais gentis, até porque ninguém corria tanto para ter que enfrentar as filas do trânsito.
– A gente vê como as coisas mudam com o progresso. Não havia calçamento, mas como se cuidava melhor do meio ambiente, não tinha asfaltamento, mas também não tinha os problemas de alagamentos que temos hoje.
Mesmo com toda a mudança e intervenção no meio ambiente, o empresário consegue encontrar alguns pontos positivos, e um deles foi a construção da Beira-Mar de São José. Mas na hora de relaxar, ainda prefere o jardim que ele e outros vizinhos fizeram na frente de casa, espaço arborizado com balanço para passar o tempo. É dali que vê a cidade crescer.

Seu José nasceu em São Pedro de Alcântara, mas na época que era São José. Foto Felipe Carneiro

O saudoso José
José Hugo Passinho Filho tem 64 anos, é aposentado, mas trabalhou durante algum tempo como operário de obras e, depois, como servidor público. Natural de Mato Grosso do Sul, mora há mais de 30 anos, com a esposa e mais dois filhos, no bairroRoçado, em São José.
– Uma das coisas que me atraiu e muito me agrada aqui em São José é a cultura. Oartesanato, a poesia e o costume acolhedor das pessoas.
Ele acompanhou boa parte do progresso da cidade. Contudo, não vê isso com bons olhos.
José Hugo diz que ficou tudo "muito apertado" e a estrutura da cidade não acompanhou esse crescimento populacional.
Das coisas que viu se perder com o passar do tempo, sente falta do presépio vivo que ia olhar todos os anos com a esposa, do museu no Centro Histórico, dos bons clubes e das festas com bandinhas, que não tem mais.
Mas nem tudo foi perdido. Das mudanças pelas quais a cidade passou, José Hugo tira proveito de algumas, como a Beira-Mar de São José e das atividades disponíveis noCati. E para reviver os bons tempos de outrora, visita aquele local que considera o grande centro cultural da cidade, o Centro Histórico de São José.
Apesar de estar aposentado, ele não faz a menor questão de parar. Além das atividades quase diárias no Cati, Centro de Atenção a Terceira Idade, seu José também faz faculdade da maturidade, na Universidade Municipal de São José.
– A gente nunca deve ficar parado, pensando no que já foi, porque nunca é tarde pra se fazer alguma coisa.
José Hugo aproveita ao máximo tudo que São José pode lhe proporcionar. Foto Betina Humeres
FONTE: celina keppeler - HORA DE SANTA CATARINA


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